segunda-feira, 5 de abril de 2010

PRÉ SAL


10 Perguntas para você entender o Pré-Sal

1. O que é o pré-sal? O termo pré-sal refere-se a um conjunto de rochas localizadas nas porções marinhas de grande parte do litoral brasileiro, com potencial para a geração e acúmulo de petróleo. Convencionou-se chamar de pré-sal porque forma um intervalo de rochas que se estende por baixo de uma extensa camada de sal, que em certas áreas da costa atinge espessuras de até 2.000m. O termo pré é utilizado porque, ao longo do tempo, essas rochas foram sendo depositadas antes da camada de sal. A profundidade total dessas rochas, que é a distância entre a superfície do mar e os reservatórios de petróleo abaixo da camada de sal, pode chegar a mais de 7 mil metros. As maiores descobertas de petróleo, no Brasil, foram feitas recentemente pela Petrobras na camada pré-sal localizada entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo, onde se encontrou grandes volumes de óleo leve. Na Bacia de Santos, por exemplo, o óleo já identificado no pré-sal tem uma densidade de 28,5º API, baixa acidez e baixo teor de enxofre. São características de um petróleo de alta qualidade e maior valor de mercado.
2. Qual o volume estimado de óleo encontrado nas acumulações do pré-sal descobertas até agora? Os primeiros resultados apontam para volumes muito expressivos. Para se ter uma ideia, só a acumulação de Tupi, na Bacia de Santos, tem volumes recuperáveis estimados entre 5 e 8 bilhões de barris de óleo equivalente (óleo mais gás). Já o poço de Guará, também na Bacia de Santos, tem volumes de 1,1 a 2 bilhões de barris de petróleo leve e gás natural, com densidade em torno de 30º API.
3. As recentes descobertas na camada pré-sal são economicamente viáveis? Com base no resultado dos poços até agora perfurados e testados, não há dúvida sobre a viabilidade técnica e econômica do desenvolvimento comercial das acumulações descobertas. Os estudos técnicos já feitos para o desenvolvimento do pré-sal, associados à mobilização de recursos de serviços e equipamentos especializados e de logística, nos permitem garantir o sucesso dessa empreitada. Algumas etapas importantes dessa tarefa já foram vencidas: em maio deste ano a Petrobras iniciou o teste de longa duração da área de Tupi, com capacidade para processar até 30 mil barris diários de petróleo. Um mês depois a Refinaria de Capuava (Recap), em São Paulo, refinou o primeiro volume de petróleo extraído da camada pré-sal da Bacia de Santos. É um marco histórico na indústria petrolífera mundial.
4. Como começou essa história de superação de desafios? Em 2004 foram perfurados alguns poços em busca de óleo na Bacia de Santos. É que ali haviam sido identificadas, acima da camada de sal, rochas arenosas depositadas em águas profundas, que já eram conhecidas. Se fosse encontrado óleo, a ideia era aprofundar a perfuração até chegar ao pré-sal, onde os técnicos acreditavam que seriam encontrados grandes reservatórios de petróleo. Em 2006, quando a perfuração já havia alcançado 7.600m de profundidade a partir do nível do mar, foi encontrada uma acumulação gigante de gás e reservatórios de condensado de petróleo, um componente leve do petróleo. No mesmo ano, em outra perfuração feita na Bacia de Santos, a Companhia e seus parceiros fizeram nova descoberta, que mudaria definitivamente os rumos da exploração no Brasil. A pouco mais de 5 mil metros de profundidade, a partir da superfície do mar, veio a grande notícia: o poço, hoje batizado de Tupi, apresentava indícios de óleo abaixo da camada de sal. O sucesso levou à perfuração de mais sete poços e em todos encontrou-se petróleo. O investimento valeu a pena.
5. Com este resultado, o que muda para a Petrobras? Essas descobertas elevarão a empresa, ao longo dos próximos anos, a um novo patamar de reservas e produção de petróleo, colocando-a em posição de destaque no ranking das grandes companhias operadoras. Com a experiência adquirida no desenvolvimento de campos em águas profundas da Bacia de Campos, os técnicos da Petrobras estão preparados, hoje, para desenvolver as acumulações descobertas no pré-sal. Para isso, já estão promovendo adaptações da tecnologia e da logística desenvolvidas pela empresa ao longo dos anos.
6. Quais serão as contribuições dessas grandes descobertas para o desenvolvimento nacional? Diante do grande crescimento previsto das atividades da companhia para os próximos anos, tanto no pré-sal quanto nas demais áreas onde ela já opera, a Petrobras aumentou substancialmente os recursos programados em seu Plano de Negócios. São investimentos robustos, que garantirão a execução de uma das mais consistentes carteiras de projetos da indústria do petróleo no mundo. Serão novas plataformas de produção, mais de uma centena de embarcações de apoio, além da maior frota de sondas de perfuração a entrar em atividade nos próximos anos. A construção das plataformas P-55 e P-57, entre outros projetos já encomendados à indústria naval, garantirá a ocupação dos estaleiros nacionais e de boa parte da cadeia de bens e serviços offshore do país. Só o Plano de Renovação de Barcos de Apoio, lançado em maio de 2008, prevê a construção de 146 novas embarcações, com a exigência de 70% a 80% de conteúdo nacional, a um custo total orçado em US$ 5 bilhões. A construção de cada embarcação vai gerar cerca de 500 novos empregos diretos e um total de 3.800 vagas para tripulantes para operar a nova frota.
7. A Petrobras está preparada, tecnologicamente, para desenvolver a área do pré-sal? Sim. Ela está direcionando grande parte de seus esforços para a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico que garantirão, nos próximos anos, a produção dessa nova fronteira exploratória. Um exemplo é o Programa Tecnológico para o Desenvolvimento da Produção dos Reservatórios Pré-sal (Prosal), a exemplo dos bem-sucedidos programas desenvolvidos pelo seu Centro de Pesquisas (Cenpes), como o Procap, que viabilizou a produção em águas profundas. Além de desenvolver tecnologia própria, a empresa trabalha em sintonia com uma rede de universidades que contribuem para a formação de um sólido portfólio tecnológico nacional. Em dezembro o Cenpes já havia concluído a modelagem integrada em 3D das Bacias de Santos, Espírito Santo e Campos, que será fundamental na exploração das novas descobertas.
8. Como está a capacidade instalada da indústria para atender a essas demandas? Esse é outro grande desafio: a capacidade instalada da indústria de bens e serviços ainda é insuficiente para atender às demandas previstas. Diante disso, a Petrobras recorrerá a algumas vantagens competitivas já identificadas, para fomentar o desenvolvimento da cadeia de suprimentos. Graças à sua capacidade de alavancagem, pelo volume de compras, a empresa tem condições de firmar contratos de longo prazo com seus fornecedores. Uma garantia e tanto para um mercado em fase de expansão. Além disso, pode antecipar contratos, dar suporte a fornecedores estratégicos, captar recursos e atrair novos parceiros. Tudo isso alicerçado num programa agressivo de licitações para enfrentar os desafios de produção dos próximos anos.
9. Quais os trunfos da Petrobras para atuar na área do pré-sal? Em primeiro lugar, a inegável competência de seu corpo técnico e gerencial, reconhecida mundialmente; a experiência acumulada no desenvolvimento dos reservatórios em águas profundas e ultraprofundas das outras bacias brasileiras; sua base logística instalada no país; a sua capacidade de articulação com fornecedores de bens e serviços e com a área acadêmica no aporte de conhecimento; e o grande interesse econômico e tecnológico que esse desafio desperta na comunidade científica e industrial do país.
10. Que semelhanças podem ser identificadas entre o que ocorreu na década de 80, na Bacia de Campos, e agora, com o pré-sal? De fato, as descobertas no pré-sal deixam a Petrobras em situação semelhante à vivida na década de 80, quando foram descobertos os campos de Albacora e Marlim, em águas profundas da Bacia de Campos. Com aqueles campos, a Companhia identificava um modelo exploratório de rochas que inauguraria um novo ciclo de importantes descobertas. Foi a era dos turbiditos, rochas-reservatórios que abriram novas perspectivas à produção de petróleo no Brasil. Com o pré-sal da Bacia de Santos, inaugura-se, agora, novo modelo, assentado na descoberta de óleo e gás em reservatórios carbonáticos, com características geológicas diferentes. É o início de um novo e promissor horizonte exploratório.
Fonte: Petrobras
EXERCÍCIOS

01. (UEPB/2005)
A polêmica em torno da transposição das águas do São Francisco tem colocado este rio em evidência nas discussões. Porém, ao tratarmos desta questão em sala de aula, independente de qual seja nosso posicionamento, é nosso papel como educadores esclarecer que, em cinco séculos de exploração inconseqüente
I. A redenção da população ribeirinha pobre só ocorreu com a implantação dos perímetros irrigados, que possibilitou ao camponês produzir frutas tropicais para exportação.
II. O rio perdeu suas matas ciliares resultando na intermitência de alguns de seus afluentes e no
assoreamento de seu leito.
III. As cheias passaram e ser controladas pelas barragens ao longo do seu curso, que, se por um lado mantém uma vazão regular durante todo o ano, por outro lado elimina o processo de fertilização natural das suas várzeas, perdeu força em sua desembocadura no mar, além de dificultar a reprodução dos peixes pela piracema.
IV. A qualidade das águas do rio tem sido comprometida tanto pela emissão de detritos urbano quanto dos resíduos químicos provenientes da agricultura que se pratica não só nas suas margens mas em toda sua bacia hidrográfica.
Estão CORRETAS apenas as proposições:
a) I, II e III b) II, III e IV c) III e IV d) I e II e) II e IV
02. PUC/SP 2008
"Aproximadamente 600 pessoas integrantes de diversos movimentos sociais ocupam, desde ontem pela manhã, o prédio da 2ª Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) em Bom Jesus da Lapa (BA). Os manifestantes são contra o projeto do governo federal de transposição das águas do Rio S. Francisco [...] O comando da ação está a cargo da Articulação Popular pela Revitalização do Rio São Francisco."
(In: Correio da BAHIA. Manifestantes ocupam sede da Codevasf. 17/04/2007, Aqui Salvador, p.3)

Um argumento contra a obra de transposição das águas do Rio São Francisco é que é mais importante revitalizá- lo. O rio estaria comprometido por transformações em sua bacia. Sobre essas transformações pode ser dito que:
A) na região do médio São Francisco em direção a sua foz há a presença dinâmica do agronegócio, grande consumidor das águas do rio. (resposta correta) B) o regime de chuvas, em razão do aquecimento global, já foi alterado na região da bacia do São Francisco, provocando uma diminuição do volume das águas. C) o rio, sobrecarregado com o uso de suas águas pelo agronegócio, sobrevive graças aos cuidados com as matas ciliares do seu curso e de seus afluentes. D) uma reserva de vitalidade para o rio são as represas, como de Sobradinho, que terminam funcionando como depósitos de águas despoluídas.E) a grande industrialização nas margens e na Bacia do Rio São Francisco, que se dirige para seu baixo curso, resulta num aumento da descarga poluente

Resolução
A transposição das águas do rio São Francisco tem encontrado uma forte resistência por parte de diversos segmentos da sociedade civil. Um dos argumentos mais utilizados para se contestar a viabilidade dessa transposição é o fato de que o rio já está bastante debilitado, devido ao uso predatório que vem sendo feito de suas águas, em particular, pela intensa agricultura irrigada (agronegócio) que se implantou em seu vale médio. Além disso, a ocupação humana em suas margens e cabeceiras já causou forte devastação vegetal e transformou o leito em depositário de esgotos domésticos e dejetos industriais. Por isso, esses opositores do projeto defendem que é preciso revitalizar o São Francisco antes de pensar em enviar parte de suas águas para outras bacias hidrográficas da região. .

Transposição do Rio São Francisco


ENTENDA O PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO


As duas áreas de maior densidade demográfica do Brasil, o Sudeste e a zona da Mata nordestina, estão ligadas pelo rio São Francisco, que por isso é conhecido como "rio da unidade nacional". O rio São Francisco separa o estado da Bahia dos de Pernambuco e Alagoas, e Alagoas de Sergipe. Com 2.624km de extensão e bacia de 631.666km2, é o maior rio genuinamente brasileiro, assim considerado porque da nascente à foz banha terras do Brasil. Descoberto pela frota exploradora de que participava Américo Vespúcio, em 4 de outubro de 1501, o rio São Francisco foi assim designado em homenagem a são Francisco de Assis, cuja festa se comemora nesse dia.
Nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais, e após um pequeno trecho na direção leste, segue para o norte por uma longa extensão e adentra o estado da Bahia. Muda bruscamente de direção na Bahia, onde se encaminha para leste e depois sudeste, formando um grande arco até a embocadura. Típico rio de planalto, com trechos navegáveis, é entrecortado de corredeiras e cachoeiras. De acordo com o perfil longitudinal, o curso do São Francisco pode ser subdividido em superior e médio. O curso superior vai da nascente, a cerca de mil metros de altitude, até Pirapora MG, 640 km à frente e a 488m de altitude. Ao deixar a serra da Canastra, o rio forma a cachoeira de Casca d'Anta, de aproximadamente 200m de altura.
Os principais afluentes do curso superior são os rios Pará e Paraopeba, pela margem direita; Indaiá, Abaeté e Borrachudo, pela esquerda. Pouco abaixo da confluência deste último foi construída a barragem de Três Marias que, além de produzir energia, contribui para regularizar a descarga fluvial. No alto curso prevalece o clima tropical semi-úmido de altitude. O curso médio do São Francisco, constituído pelo trecho que vai de Pirapora a Juazeiro BA, é navegável. Tem um declive muito suave, pois ao longo dos 1.300km que separam as duas cidades, o rio desce apenas 117m para chegar a 371m de altitude. Dos pontos de vista ecológico, geo-econômico e político, o médio São Francisco pode ser subdividido em duas partes, cuja linha divisória passaria aproximadamente no limite entre Minas Gerais e Bahia. No trecho mineiro, o São Francisco tem grandes afluentes perenes: Paracatu, Pardo e Carinhanha, pela margem esquerda; Velhas e Verde Grande, pela direita.
Pirapora e Januária são as principais cidades ribeirinhas no trecho de Minas Gerais, mas nos altos vales dos afluentes da margem direita situam-se Belo Horizonte, capital estadual e regional, e Montes Claros, além de outros núcleos importantes do vale do Velhas, como Sete Lagoas, Curvelo e Corinto. No médio São Francisco mineiro predominam as chapadas cobertas de cerrados, de clima tropical semi-úmido.
As cidades do trecho médio inferior têm características tipicamente sertanejas. Juazeiro BA e Petrolina PE, ligadas por uma ponte, são cidades-gêmeas que conseguiram romper o isolamento do médio vale, pois dispõem de ligação rodoviária e ferroviária com Salvador, a chapada Diamantina e os sertões de Pernambuco e Piauí. É grande o potencial hidráulico do rio São Francisco. A energia produzida nas usinas de Paulo Afonso, Moxotó, Itaparica e Sobradinho é distribuída para a maior parte do Nordeste brasileiro. Na década de 1990 foi inaugurada mais uma hidrelétrica, Xingó. O governo brasileiro implementou, por intermédio da Provale, um intenso programa de desenvolvimento no vale do São Francisco. As metas eram a melhoria da navegabilidade do curso médio; urbanização, colonização e irrigação; reflorestamento e criação de parques nacionais; construção de barragens e ligações rodoviárias.
TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
Uma possível solução para o problema seria a chamada transposição do Rio São Francisco. Consiste em estender a circulação do "Velho Chico" (cujo leito está, maior parte, em Minas Gerais, Pernambuco e Bahia) também para os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará, além de áreas semi-áridas de Alagoas, Pernambuco e Sergipe. Abastecida pelo rio, a região do Polígono da Seca teria água suficiente para a agricultura e o consumo individual.
A mais recente versão dessa idéia é o projeto de Interligação da Bacia do São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional, que integra o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Semi-Árido e da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, comandado pelo Ministério da Integração Nacional. Orçado em R$ 4,2 bilhões, o projeto prevê a construção de aproximadamente 700 km de canais e reservatórios, divididos em dois eixos, que abasteceriam o Polígono, aliviando os efeitos da estiagem. O Exército já se prontificou a ajudar, e o governo se prepara para iniciar as obras.
Mas a idéia da transposição está longe de ser unanimidade. Se, para o governo, a obra é inadiável, por outro lado não faltam opiniões contrárias. O principal nome da oposição é o bispo Luiz Flávio Cappio, que esteve em greve de fome entre os dias 26 de setembro e 6 de outubro, como forma de protesto à realização da obra.
O Projeto de Integração do Rio São Francisco prevê a transferência de menos de 2% do volume do rio São Francisco para outras bacias hidrográficas da região. A idéia é que, com o desvio, a água que terminaria indo para o mar, seja usada nos açudes da região do semiárido que contemplam os Estados da Bahia, Pernambuco, Piauí, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
A previsão é que seja implantado um conjunto de canais, adutoras, túneis, estações de bombeamento e reservatórios feito a partir dos dois eixos que saem do rio, entre as barragens de Sobradinho e Itaparica. A proposta é construir dois canais: o Eixo Norte terá cerca de 402 km e levará água para os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte; e o Eixo Leste, com 210 km, beneficiará parte do sertão e as regiões agreste de Pernambuco e da Paraíba.
O governo afirma que, com a realização do projeto, os nordestinos terão acesso à água permanentemente garantida e de boa qualidade, que poderá ser usada tanto para consumo humano como para a indústria e agricultura.
A palavra “transposição”, no entanto, sempre gerou um desconforto na população. O conceito está ligado à imagem da desertificação do rio e da mudança de seu curso, acabando, assim, com o rio. No entanto, o governo federal rebate estas críticas por meio do projeto de revitalização do São Francisco, realizado pela parceria dos Ministérios da Integração Nacional e do Meio Ambiente, com prazo de 20 anos para sua realização.
De acordo com documentos do Ministério de Integração Nacional, a transposição não irá provocar nenhum desvio do rio, mas será a utilização de uma parte do volume de água, depois da barragem de Sobradinho. A retirada da água também será “normalmente pequena e imperceptível visualmente”. Conforme o ministério, dos 90 bilhões de m3 de água que o rio despeja, em média, por ano, no mar, cerca de 1,5 bilhões serão efetivamente transferidos para outras bacias.
Os estudos apontam que, as alternativas possíveis para a região seriam a abertura de poços; a dessalinização das águas do mar e salobras; a reutilização de águas tratadas do esgoto; a indução de chuvas ou a construção de outros açudes. Contudo, ressalta que nenhuma delas pode ser considerada como alternativa à transposição porque, ou são mais caras, ou não proporcionam a mesma garantia hídrica.
De acordo com estudo do ministério, o projeto de transposição vai permitir um ganho de eficiência na gestão da água acumulada nos açudes públicos de 15%; a flexibilidade da operação dos açudes para atender demandas econômicas e o aumento da oferta hídrica na região beneficiada: 61 m³/s (+ 55%) com geração de empregos, renda e impostos pelo uso da água proporcionado nos usos múltiplos.
O governo também prega que o projeto trará melhoria na qualidade da água bruta dos açudes por seu monitoramento, correção da poluição e por diluição de sais, com reflexos positivos sobre a saúde pública, além da indução da melhor gestão da água na região.
Histórico
A transposição do rio São Francisco não é uma idéia inovadora. O primeiro a pensar na possibilidade foi o Deputado Provincial do Ceará – Crato – Marco Antonio de Macedo, em 1847. Segundo informações do Ministério da Integração, o próprio imperador D. Pedro II chegou a encomendar, em 1852, um estudo detalhado da navegação do São Francisco e da possibilidade de enfrentar a seca do semiárido por meio de um canal que viabilizasse a condução da água do Velho Chico para a região.
Em 1856, o Barão de Capanema liderou a denominada Comissão Científica de Exploração, apontava para a viabilidade da abertura de canal interligando o São Francisco ao rio Jaguaribe. O jornalista Euclides da Cunha delineou, por sua vez, em 1908, um plano estratégico para o semi-árido, incluindo a transposição do rio São Francisco.
Outros estudos foram realizados em 1913, considerando a construção de um túnel de 300 km de extensão; e em 1919, concluindo pela inviabilidade técnica do projeto.
O deputado Wilson Roriz retomou o projeto, em 1972, no Ceará, incluindo, pela primeira vez, a possibilidade de bombeamento associado a canais, reabrindo assim a possibilidade da viabilidade técnica e econômica do projeto.
Em 1981, o antigo Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), extinto no governo Collor, elaborou o anteprojeto de engenharia da transposição do São Francisco para as bacias dos rios Jaguaribe, Piranhas e Apodi. A vazão de transposição prevista seria de 300 m3/s.
Já em 1994, o Ministério da Integração Regional (MIR) elaborou o Projeto Básico de Engenharia para imediato início das obras no trecho Cabrobó-Jatí. A vazão transposta seria dividida em duas etapas: 70 m3/s na 1ª etapa e 110 m3/s na 2ª etapa.
O Ministério da Integração Nacional iniciou, em 1997, os trabalhos para o Estudo de Viabilidade, adequação do Projeto
O projeto tomou proporções maiores e reconhecimento nacional depois que o presidente Luiz Inácio lula da Silva, oriundo do nordeste, assumiu a transposição como programa de governo, batendo de frente com os movimentos antitransposição.
PRÓS E CONTRAS
1. Diante da alegação de que o projeto resolveria os problemas sociais existentes na região semiárida do Brasil, o geógrafo Aziz Ab'Saber argumenta que “o Nordeste Seco abrange um espaço fisiográfico socioambiental da ordem de 750.000 km2, enquanto que a área que receberá benefícios abrange dois projetos lineares que somam apenas alguns milhares de quilômetros nas bacias do rio Jaguaribe (Ceará) e Piranhas/Açu, no Rio Grande do Norte”. 2. Se a transposição pretende levar água a regiões massacradas pela seca, Aziz Ab'Sáber, olhando a questão por outro lado, faz as seguintes ponderações: “Deve ser mantido um equilíbrio entre as águas que seriam obrigatórias para as importantíssimas hidrelétricas já implantadas no médio/baixo vale do rio – Paulo Afonso, Itaparica e Xingó –, pois a energia ali produzida, e transmitida para todo o Nordeste, constitui um tipo de planejamento da mais alta relevância para o espaço total da região”. 3. Segundo o governo, 12 milhões de pessoas serão beneficiadas e a irrigação de polos agrícolas aquecerá a economia e aumentará o número de empregos. Na opinião de Aziz Ab'Sáber, no entanto, “os ‘vazanteiros’ – responsáveis pelo abastecimento das feiras do sertão – que fazem horticultura no leito dos rios que perdem fluxo durante o ano serão os primeiros a ser prejudicados. Serão os fazendeiros pecuaristas que terão água disponível para o gado, nos cinco ou seis meses que os rios da região não correm. Nesse sentido, os maiores beneficiários serão os proprietários de terra, residentes longe, em apartamentos luxuosos em grandes centros urbanos”. O governo Lula reativou o plano de transposição das águas, com algumas mudanças. O atual projeto é criticado porque atenderia apenas 5% da área do semi-árido. 4. Enquanto o governo reforça que as margens do rio São Francisco serão revitalizadas e que o tratamento de água diminuirá a poluição, os ambientalistas dizem que o projeto causará danos à fauna e à flora da região – e que serão desmatados 430 hectares.
Outras críticas apontam o grande dano a ser causado ao ambiente, o custo elevado (cerca de R$ 6 bilhões) e a possibilidade de que os beneficiados sejam empresas multinacionais e não os produtores sertanejos. Os que defendem o projeto afirmam que serão gerados empregos e a área será dinamizada economicamente.
5. O projeto levaria, na teoria, água a quem tem sede... essa é sua vantagem.
6. Os argumentos contrários são: - o Rio São Francisco está sofrendo muita degradação e com a sua transposição, muita água seria perdida, se evaporaria durante o trajeto; - a energia elétrica ficaria mais cara por causa do grande custo da transposição; - a pesca seria prejudicada, pois a reprodução dos peixes seria dificultada; - a água não chegaria aos mais necessitados, mas sim aos grandes fazendeiros, como tem sido até hoje com todos os projetos no nordeste; - há outras alternativas mais baratas e viáveis, como o uso de cisternas, aproveitando a água das chuvas;- o problema do nordeste não é a falta de chuva, mas sim a má gestão dos recursos hídricos. Falta planejamento de uso. A transposição não vai resolver, é preciso investir em sistemas de gestão de recursos hídricos, como comitês de bacia. Mas não há interesse em resolver a questão da seca, pois o nordeste é um dos colégios eleitorais mais importantes e promessas e ações com resultados a curto prazo dão votos. - os impactos ecológicos seriam enormes, pois se mudaria todo o curso do rio, afetando todo o equilíbrio ecológico; - há risco de salinização, pois a água "jogada no mar" é que garante o equilíbrio entre a água doce e a salgada, impedindo que o mar avance. Se essa água for desviada, o equilíbrio pode ser alterado. Há diversas discussões entre os cientistas quanto aos aspectos técnicos e diversas discussões sócio-políticas entre os movimentos sociais.

VESTIBULAR

Geografia – Questão 09 (UNICAMP-2006)

Leia o trecho a seguir e responda:

A transposição do rio São Francisco é discutida desde o tempo do Império. Um dos registros mais antigos da ideia remonta a 1847, quando o intendente do Crato (CE), deputado Marcos Antonio de Macedo, propôs o mesmo que se debate hoje: lançar as águas do Velho Chico no rio Jaguaribe. Na obra Contrastes
e Confrontos, Euclides da Cunha ressuscitou a ideia do intendente cearense e a incluiu entre as grandes intervenções civilizadoras de que carecia a região, como açudes, barragens, arborização, estradas de ferro e poços artesianos.
(Adaptado de Marcelo Leite, Folha de S. Paulo, 09/10/2005.)

A) Por que o rio São Francisco é chamado de “o rio da unidade nacional”?
B) Aponte e explique um argumento contra e um favor da transposição do rio São Francisco.
C) A precipitação pluviométrica anual média no semiárido nordestino é de cerca de 700 milímetros/ano, superior a algumas regiões agrícolas da Europa. Quais são os principais problemas de ordem natural que expõem grande parte do território, em especial o chamado Polígono das Secas, a uma situação de vulnerabilidade?

RESOLUÇÃO:
A) O Rio São Francisco nasce na região Sudeste, no estado de Minas Gerais na Serra da Canastra e desce rumo ao nordeste brasileiro cruzando os estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, constituindo como um dos maiores rios brasileiro e por unir duas regiões é chamado também de Rio da Integração Nacional.
B) Argumento contra – diminuição do volume de água do rio Explicação – Com a retirada da água, o volume de água do rio tende a diminuir podendo comprometer a produção agrícola e energética localizada à jusante da referida transposição, atingindo principalmente o estado da Bahia.
Argumento a favor – Perenização dos rios e açudes dos estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Explicação – Com a perenização dos rios e Açudes esses estados tendem a diminuir as perdas econômicas e sociais advindas com a longa estação seca do clima semiárido.
C) • A irregularidade das chuvas
• A salinização dos solos


A Nova Solução Hidráulica –
A Transposição do
Rio São Francisco

Pós- 90
- Retomada da solução hidráulica.
- Transposição do rio São Francisco.

A TRANSPOSIÇÃO NÃO É UNANIMIDADE
ARGUMENTO FAVORÁVEL

- A água da transposição seria utilizada para combater a seca e consequentemente a pobreza.

ARGUMENTOS CONTRÁRIOS
- Projeto caro para resultados duvidosos.
- Problemas ambientais (evaporação e infiltração).
- Menor produção de energia.
- Desaparecimento do rio (desmatamento e assoreamento).

SOLUÇÃO
- REVITALIZAÇÃO DE TODA A BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO.

ETAPAS
- Reflorestamento.
- Inclusão social e econômica.
- Dragagem.



A idealização do projeto de transposição da águas
do rio São Francisco teve origem na época do império e até hoje esse projeto não foi implantado concretamente por questões acima de tudo políticas. Atualmente o projeto prevê a transposição de aproximadamente 5% do volume de água do rio São Francisco baiano, através de extensos canais, para os Estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, sabendo-se que esses três últimos Estados não são dotados plenamente pos bacias hidrográficas perenes (rios permanentes) e sim por bacias hidrográficas intermitentes (rios temporários).

A transposição não é uma unanimidade.
A elite política a favor do projeto afirma que a água seria utilizada para combater a seca e
consequentemente a pobreza, pois com a água a
população mais necessitada poderia utilizá-la para
projetos agrícolas familiares, gerando empregos e
melhorando a qualidade de vida da população.
*Porém questiona-se até que ponto a seca é fator
responsável pela pobreza regional?
A elite política contrária se utiliza dos seguintes argumentos: projeto caro para resultados duvidosos, pois a sociedade não tem reais garantias de que a população mais necessitada seja a que vai se apropriar da água, ou será, como no passado a própria elite; as questões ambientais relacionadas a evaporação e infiltração, conseqüentemente perda de grande volume de água e a perda de 5% do volume de água poderia comprometer a produção de energia além de favorecer o provável desaparecimento do rio haja vista que atualmente em decorrência de um intenso processo de assoreamento favorecido pelo intenso desmatamento as suas margens, o rio esta passado por um sério problema.


SOLUÇÃO PROVÁVEL
A revitalização de toda a bacia do rio São Francisco através de um reflorestamento para melhor fixar o solo estancando o processo de assoreamento e que o mesmo também possa gerar renda as comunidades locais. Após esse processo a dragagem para que ocorra a retirada dos sedimentos que foram acumulados com o passar do tempo no leito (fundo) do rio.

TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO: SALVAÇÃO OU EQUÍVOCO?
É comum ouvir dizer que o Brasil é privilegiado por estar livre de desastres naturais. Mas, muito antes da ocorrência de furacões e ciclones extra tropicais nos estados do Sul, o país já vive o inferno da seca no Nordeste. Desde o tempo do Império, discute-se a possibilidade da transposição das águas do Rio São Francisco para o chamado Polígono da Seca como forma de solucionar o problema. Esse assunto volta agora às manchetes de jornal graças a um projeto do Ministério da Integração que está prestes a sair do papel.
Mas a idéia da transposição está longe de ser unanimidade. Se, para o governo, a obra é inadiável, por outro lado não faltam opiniões contrárias. O principal nome da oposição é o bispo Luiz Flávio Cappio, que esteve em greve de fome entre os dias 26 de setembro e 6 de outubro, como forma de protesto à realização da obra.

Entenda, a seguir, o porquê de tanta polêmica.
Entre as alternativas apontadas para a transposição, está o melhor gerenciamento dos recursos hídricos do semi-árido, o investimento em obras não acabadas, a construção de uma cultura de convivência com a problemática da seca e a busca de alternativas simples e viáveis.
Essa temática está em discussão no governo federal, e a obra deve ser iniciada o mais breve possível.
Esperamos ao menos que criteriosos estudos sobre os impactos ambientais sejam realizados e que as resoluções retiradas deles sejam respeitadas, pensandose no melhor para essa população, que é castigada pelos longos períodos de seca, e na manutenção do São Francisco, o maior rio totalmente brasileiro.